O vício



Tudo começou por volta do ano de 1991, eu era apenas uma criança quando os vi pela primeira vez. Foi através da TV no filme Um Milhão de Anos Antes de Cristo (Don Chaffey 1966). Naquele momento minha vida mudou, e comecei a ter vontade de ter um contato maior com aquilo. Em um dia normal de 1993 meu pai chegou todo feliz em casa e me deu um chocolate, ao abrir vi algo mágico, uma figurinha com o temido monstro que aterrorizava a vida dos homens da caverna de Don Chaffey e do pobre Littlefoot e sua turminha (Em Busca do Vale Encantado), alguns dias depois ocorreu uma das melhores coisas da minha vida, o lançamento do Filme Jurassic Park dirigido por Steven Spielberg (o cara culpado de levar este vício pra muitas pessoas da minha e de gerações posteriores).
Lembro como se fosse hoje, ansioso na fila do cinema (nessa época, pelo menos aqui em Curitiba cinemas não ficavam dentro de shoppings), pouco antes de entrar ganhei um álbum em que poderia colar a figurinha antes citada. Uma pessoa vendendo bonecos chamou minha atenção, pois até aquele momento eu não tinha nenhum boneco de dinossauro. Daí em diante não tinha mais volta, ganhei os dois primeiros de uma coleção de mais de 700.
No mesmo ano minha mãe e eu freqüentávamos semanalmente uma igreja no centro da cidade, e justamente no dia que íamos, em frente à igreja sempre tinha um senhor que vendia dinossauros e outros animais de brinquedo.
A maior decepção da minha vida foi descobrir que os dinossauros já estavam todos mortos e que o Ovo grande que meu tio tinha guardado era na verdade de um Avestruz.
Os três anos que se passaram antes do lançamento de O Mundo Perdido Jurassic Park, foram de sofrimento para mim e para o bolso do meu pai que tinha de alugar toda semana Jurassic Park e Em Busca do Vale Encantado, sem contar que eu não perdia uma TV Colosso para poder Assistir o Elo Perdido. Neste mesmo ano (1996) meus pais tiveram de me tirar da escolinha que eu estava porque briguei com a professora alegando que ela tinha roubado uma das duas “espécies” de bolacha que estava na minha lancheira. Também começou a passar em TV aberta os Power Rangers com seus incríveis Dinozords, foi a única temporada que gostei, até que um ano depois os robôs dinossauro foram substituídos por um macaco e um dragão que se diziam mais fortes que os dinossauros, grande blasfêmia. O problema é que os dinossauros não tinham sumido apenas do Power rangers, mas também de todos os outros lugares. Nessa época só sobrevivi, pois tinha um fliperama do Cadilacs and Dinosaurs perto de casa.
Em 1999 com o lançamento do godzila a minha abstinência “dinossaurica” já era tão grande que fui assistir ao filme no cinema e ainda cai na tentação de comprar bonequinhos dele e do Hercules (que também estava em alta na época). Não era a mesma coisa, não tinha como ser. Afinal nem o Godzila e nem a Hydra de sete cabeças existiram de verdade.
No ano 2000 quando já era um adolescente, tive praticamente a mesma emoção que tive aos cinco anos, pois estava em uma banca de revistas quando encontrei cromos e um álbum da panini sobre uma grande novidade, um filme da Disney que foi lançado algumas semanas depois, e seguido do lançamento do tão aguardado Jurassic Park III em 2001.
 O vício foi retomado com força total, cheguei a perder viagem para assistir No Tempo dos Dinossauros (Walkin' with the Dinosaurs), além de vender o meu vídeo game por apenas dez reais, para comprar o primeiro fascículo da revista dinossauros da salvat.
 Daí em diante a cada ano era lançado um novo filme, jogo, documentário... e até hoje eu caio na tentação deste vicio e gasto o que não posso para sustentá-lo.


Minha Tattoo.